sábado, 20 de agosto de 2016

Fraturas dos Metatarsos

Os cinco metatarsos são ossos longos e formam o prolongamento anterior do pé, articulam-se isoladamente com cada um dos cinco dedos na sua porção mais distal (ponta do pé) e com quatro ossos do tarso (cuneiforme medial, cuneiforme intermédio, cuneiforme lateral e cubóide). 

São presos entre si e ao restante do pé por fortes ligamentos, que estabilizam o arco plantar e ao mesmo tempo permitem certa flexibilidade, principalmente do quarto e quinto metatarsos, para a adaptação do pé aos desníveis do solo.

O primeiro metatarso é o mais importante, apresenta um diâmetro maior e é muito resistente. Apesar de ser o menos acometido por esse tipo de lesão, a sua fratura requer tratamento cirúrgico na grande maioria das vezes.



 Articulação do Hallux (1º Metatarsofalangeana)


As fraturas dos metatarsos são muito comuns, principalmente por contusão direta sobre o dorso do pé, como a queda de algum objeto, por torções ou fraturas de estresse.

Quando ocorre a contusão direta, normalmente o traço de fratura é transversal ou, nas lesões por esmagamento, pode haver múltiplos fragmentos. As torções acontecem principalmente em acidentes de motocicleta ou quedas de altura e formam fraturas espiraladas ou helicoidais.

O diagnóstico é feito através de três incidências radiográficas (antero-posterior, perfil e obliqua) de ambos os pés para avaliação comparativa.


Fratura de Estresse dos Metatarsos:

Fraturas de estresse são ocasionadas pela fadiga mecânica e pela quebra do limite de resistência do osso, estão relacionadas com movimentos de repetição e de sobrecarga contínua, como os que acontecem nos esportes de impacto, na marcha militar e na dança.

Acomete principalmente o segundo e terceiro metatarsos e, quase sempre, não apresentam alterações ao raio X no início dos sintomas, podendo levar 3 ou 4 semanas para que apareça algum sinal radiológico. Nesse caso, a ressonância nuclear magnética nos permite fazer o diagnóstico precocemente.

O tratamento é conservador com o uso de bota imobilizadora rígida sem apoio por aproximadamente 6 semanas.


Fratura de Estresse do 3º metatarso


Fratura da Base dos Metatarsos:

Podem ocorrer isoladas ou estar relacionada com luxações do mediopé (ver fratura-luxação de Lisfranc).

Fraturas que não atingem a articulação (extrarticulares) normalmente não sofrem grandes desvios e podem ser tratadas com bota imobilizadora ou sandália de sola rígida. Essas lesões podem demorar até 3 meses para sua completa consolidação.

A fratura da base do primeiro metatarso exige maior atenção e cuidado. Caso acometa a articulação ou possua vários fragmentos, ela deve ser tratada cirurgicamente.

Fraturas da base do quinto metatarso são muito comuns e ocorrem com maior frequência, pois estão relacionadas ao mesmo mecanismo do entorse do tornozelo (inversão abrupta). Elas são de dois tipo: fraturas por avulsão e fraturas diafisárias proximais (fratura de Jones).

As fraturas por avulsão acontecem quando ocorre uma contratura rápida do tendão fibular curto ( que se prende na tuberosidade do osso) durante um entorse do tornozelo. A maioria dessas fraturas podem ser tratadas com o uso de bota rígida imobilizadora por 4 a 6 semanas.

As fraturas diafisárias proximais, também chamadas de fratura de Jones, acontecem pelo movimento forçado para dentro do pé (adução). Essas fraturas demoram para cicatrizar e o tratamento não cirúrgico implica na utilização de bota rígida imobilizadora sem apoio por 6 a 10 semanas. Além disso, cerca de 1/3 dos pacientes tratados sem cirurgia fraturam novamente assim que iniciam com o apoio total do peso. Fraturas em esportistas, deslocadas ou que não consolidaram com o tratamento conservador, devem ser fixadas cirurgicamente.

Fraturas do 5º metatarso


Fraturas do Terço Médio dos Metatarsos (Diafisárias):

Não raras vezes as fraturas do terço médio dos metatarsos passam despercebidas por estarem associadas a traumas graves, que envolvem múltiplas fraturas e lesões de órgãos internos.

Dor, hematoma e edema no dorso do pé são os sinais clínicos e impede que o paciente apóie o pé fraturado.

O tratamento conservador com bota imobilizadora rígida está indicado quando não existe desvios ou encurtamento excessivo. O apoio deve ser precoce, de acordo com a tolerância da dor pelo paciente.

Fraturas expostas ou com desvios, principalmente na direção dorsal ou plantar, devem ser reduzidas e fixadas cirurgicamente. Esses desvios causam alterações na distribuição do apoio frontal do pé e, se não corrigidos, podem provocar dor ao caminhar e calosidades de difícil tratamento. Pinos, miniparafusos e miniplacas são utilizados para reconstruir essas fraturas

 

Fratura oblíqua do 4º e 5º metatarsos


Fraturas do Colo e da Cabeça dos Metatarsos :

O terço distal dos metatarsos (porção mais frontal) é o segmento mais fino e mais flexível desses ossos e forma as articulações com os dedos (metatarsofalângicas). A maioria das fraturas que envolvem o colo ou a cabeça dos metatarsos são múltiplas e apresentam desvios, podendo também causar dor e calosidades plantares se não forem reduzidas corretamente.

Deslocamentos pequenos podem ser reduzidos por manipulação e fixados com pinos percutâneos. Desvios maiores exigem a cirurgia aberta para que seja feito o alinhamento e a fixação dos segmentos. Fraturas sem deslocamento são tratadas com sandália ou bota ortopédica de solado rígido e o apoio pode ser liberado precocemente, de acordo com a tolerância da dor pelo paciente.


                          Fratura dos Metatarsos:

                          A – Fratura multifragmentar da base do 1º metatarso.

                          B – Fratura deslocada do colo.

                          C – Fratura oblíqua.

                          D – Fratura transversa.

                          E – Fratura da base do 5º metatarso (Jones).

                          F – Fratura avulsão do 5º metatarso.